quarta-feira, 27 de julho de 2011

Itinerários de Pompeia (Parte III)

Olá, pessoal!

Não imaginava que tinha tanta coisa para ver em Pompeia. Quando estivemos lá não havíamos planejado o passeio, fazia muito calor (apesar de ter sido já em setembro) e não podíamos demorar porque tínhamos que ir a Siena e chegar ao hotel no horário estabelecido durante a reserva. Foi uma pena pelas fotos, tiradas com uma câmera velhinha do meu namorado, já que a minha compacta não tinha cartão de memória na época (e eu já havia fotografado muita coisa durante a viagem de navio para a Sicília e durante minha estadia por lá).

Bom, chega de conversinhas e vamos ao que interessa: a continuação dos itinerários de Pompeia.


Se você tem o dia todo à disposição (o recomendado) e não estiver cansado depois de ter seguido os percursos do itinerário I e II, poderá visitar ainda:

Casa degli Amorini Dorati (Casa dos Querubins Dourados)
Foi assim batizada por causa de umas decorações, representadas pelos cupidos, encontradas em um dos quartos da casa. Era a casa de uma rica família, pertencentes ao gens Poppaea, talvez a família de Popeia, a segunda esposa do imperador Nero.
Foram encontradas estátuas de divindades gregas e animais, máscaras teatrais penduradas e encaixadas nos muros e medalhões contra o mal-olhado entre as colunas que circundam o jardim, todos de gosto refinado e de boa qualidade.


Casa degli Amorini Dorati
Jardim da casa


Casa degli Amorini Dorati: Triclinium - Pompeii
Uma das decorações


Casa delle Nozze d'Argento (Casa das Bodas de Prata)
Seu nome foi uma homenagem às bodas de prata dos reis da Itália, Humberto e Margarida de Savoia, no ano de 1893. É uma casa do século II a.C., apresenta um atrio alto com quatro grandes colunas coríntias que sustentam o teto. Há dois jardins, um dos quais com terma e uma piscina externa.





Casa di Marco Lucrezio Frontone
Nesta casa foram encontradas decorações muito requintadas, consideradas superiores àquelas de Roma. Os protagonistas dessas pinturas eram paisagens marinhas, representações lendárias greco-romanas e cenas de caça.


As bodas de Marte e Vênus, pintura encontrada na parede do escritório da casa 



Porta di Nola e Necropoli (Porta de Nola e Necrópole)
A Porta de Nola era uma das outras entradas importantes de Pompeia. Atravessando o arco, onde figura uma estátua de Minerva, foi encontrada mais uma Necrópole. As escavações trouxeram à luz as sepulturas de alguns ilustres da cidade e um depósito para incineração dos defuntos. Até onde eu sei, os gregos cremavam os corpos daqueles que partiam para sempre,  ao contrário dos egípcios, que embalsamavam seus mortos e os depositavam em túmulos, mas só para quem era rico (pelo menos assim diz a História). Eu achava que a tradição do enterro tivesse começado com o Cristianismo, mas pelo visto os romanos já o faziam.


Porta Nola e cinta muraria
Porta Nola, entrada para a Necrópole




Terme Stabiane (Termas Estabianas)
Aqui começa o percurso por aquela que era a rua mais badalada de Pompei, cheia de bares, restaurantes, mercados, padarias, oficinas e casas residenciais.
A primeira parada é nas Termas Estabianas, as mais antigas de Pompeia, datadas do século II a.C. Era um edifício construído em uma área de mais de 3500 mq e articulados em duas seções, uma masculina e outra feminina. Aqui havia um grande espaço, posicionado ao centro do complexo termal, usado como academia de ginástica e uma piscina. Além dos elementos fundamentais que compunham uma terma, como o apodyterium (vestiário), frigidarium (local para banhos frios), tepidarium (local para banhos mornos) e o caldarium (sala para banhos quentes), não podia faltar também na de Estabia as decorações nos tetos e paredes.


Terme Stabiane



Lavanderia di Stephanus
Era um edifício onde funcionava, desde o princípio de sua construção, uma lavanderia e tinturaria muito requisitada pelas diversas oficinas têxteis que se valiam de seus serviços. Sabemos que seu proprietário se chamava Stephanus devido a uma propaganda eleitoral pintada na fachada da lavanderia.
Aqui havia bacias e grandes tanques para a lavagem dos tecidos, terraço para a secagem e até uma prensa para passar roupas. Havia também um local para a coleta de urina humana, muito requisitada naquele tempo para alvejar e tirar manchas de tecidos (santa química moderna! Imaginemse tivéssemos que usar xixi na máquina de lavar roupa).


Fullonica Stephani - Pompeii





Thermopolium
Era o "fast food" de Pompeia, uma espécie de McDonald's onde eram vendidos, no lugar dos famosos hambúrgueres, o garum (um molho feito com peixes em salmoura) e outros pratos rápidos. No caixa deste restaurante foram encontradas várias moedas, o rendimento do dia.


Thermopolium di Vetutius Placidus



Casa di Octavius Quartio
É outra das diversas casas luxuosas de Pompeia, mas seu diferencial é o jardim, o mais vasto da cidade. Juntamente com a casa, ocupa quase todo o quarteirão da Via dell'abbondanza.
O famoso jardim foi recentemente reorganizado com a flora original. Era um local usado para os ritos noturnos dos seguidores de Ísis, como se pôde deduzir a partir do canal de 50 mt que percorria o jardim e que talvez provocasse uma inundação como as que ocorria no Vale do Nilo para a fertilização do terreno.


Casa di Octavius Quartio


Casa di Giulia Felice (Casa di Júlia Félix)
Na verdade, trata-se de uma villa que ocupa um terreno correspondente a duas insulas. Um terço da área é ocupada pela habitação e a outra restante pela horta.
Depois do terremoto de 62 d.C. que devastou Pompeia, a proprietária desta elegante e luxuosa casa decidiu alugar, por um período não superior a 5 anos, uma parte de seus cômodos aos desabrigados que não conseguiam um alojamento. 





Orto dei Fuggiaschi (Horta dos Fugitivos)
Representa a dramática cena de pessoas que tentavam fugir de Pompeia durante a erupção do Vesúvio em 79 d.C. Os arqueólogos encontraram os corpos de 13 pessoas, entre elas famílias inteiras, crianças e até uma mulher grávida, na horta de uma casa rústica  em 1961. 
Andando por Pompeia, é fácil encontrar os corpos engessados (uma técnica da qual falarei mais adiante) das pessoas que, em vão, fugiam da tragédia vesuviana. Mas não nos impressiona tanto quanto ao que vemos neste lugar; talvez pela quantidade de pessoas, pelo fato de ter crianças no meio ou pela posição dos corpos, muitos deles tentando proteger a si mesmo ou os filhos. 


Calchi



Anfiteatro
Como toda colônia romana, Pompeia também tinha seu anfiteatro. Sua construção foi financiada por dois ilustres representantes do governo da cidade, com capacidade para aproximadamente 20000 espectadores que iam assistir aos violentos e sanguinosos espetáculos com gladiadores e animais ferozes.
O local era fechado durante o inverno ou quando estava muito quente. Assim como o Coliseu, o anfiteatro de Pompeia também possuía toldos para proteger os espectadores do sol forte. 
Se você pensa que brigas em estádio é um fato dos nossos dias, está enganado. Em 59 d.C., o historiador romano Tácito narrou uma briga entre "torcedores" de Pompeia e Nocera (uma cidade próxima) que causou muitos mortos e feridos. O anfiteatro ficou fechado aos jogos por 10 anos e as organizações de torcedores extintas por lei. Foi reaberto somente depois de 62, graças à intervenção de Popeia, segunda esposa do imperador Nero. 


Anfiteatro



Palestra Grande (Ginásio Grande)
Era o maior espaço público da cidade dedicado aos jovens. Na época de Augusto, as práticas esportivas tinham uma única finalidade: impor às novas gerações a ideologia imperial. Por isso a criação, por parte do imperador, de associações juvenis chamadas collegia iuvenum.

Palestra Grande - Pompeii


Sugiro esta galeria de fotos de Pompeia porque as minhas saíram um horror: 




Para chegar em Pompeia


De trem: da estação ferroviária central de Nápoles, procure a indicação para a linha regional Circumvesuviana. Antes de embarcar, compre o biglietto giornaliero U3 (custa €4,60 e dá direito à viagem de ida e volta) e não esqueça de convalidá-lo nas maquininhas (se você sobe no trem com o bilhete não convalidado, a multa é de €50 ou mais!). 
Pegue o trem que vá na direção de Sorrento e desça na estação Pompei Scavi-Villa dei Misteri (há outras paradas em Pompei, mas esta é a mais próxima da cidade arqueológica)
Os trens saem a cada duas horas e o percurso dura cerca de 35 minutos (confira os horários aqui).

De ônibus: partindo de Nápoles (estação ferroviária central ou porto, travessa Immacolatella), pegue um ônibus da companhia SITA que vai para Salerno e desça no ponto Pompei Scavi. 
A duração é de 35 minutos também (confira os horários aqui). O custo do bilhete é de €3,30 (informação do yahoo resposta) e pode ser comprado em qualquer bar, banca de jornal ou tabaccheria próximo ao ponto onde passa o ônibus (e é só dizer ao vendedor que quer um bilhete para Pompei).

De carro: sempre de Nápoles, pegue a rodovia A3 Napoli-Salerno e entre na Uscita Pompei Ovest. Se você tiver vindo do sul, pegue a mesma rodovia e entre na Uscita Pompei Est. Alguns estacionamentos são a pagamento, outros têm faixa horária e dias da semana. Prepare uma gorjetinha para os "vigias" de estacionamento que eles saberão cuidar do seu carro.



Ao chegar em Pompeia


  • A entrada custa €11 e vale o dia todo. Se for visitar também Herculano, Oplontis, Stabia e Boscoreale, tem um ingresso que custa €20 com duração de 3 dias. Cidadãos europeus entre 18 e 24 anos  e professores efetivos têm redução de 50% e aos cidadãos europeus com menos de 18 e com mais de 65 anos a entrada é gratuita (prévia comprovação com documento de identificação e com foto válido). Informação detalhada aqui.
  • Pegue os materiais informativos e mapas distribuídos gratuitamente para você se orientar. Os percursos são bem sinalizados, mas eu aconselho usar um mapa para não dar muitas voltas e saber o que visitar. Se você gosta de explicações, há audioguias em várias línguas (só o português que é raro) que podem ser alugados na recepção. 
  • Leve chapéu, protetor, sombrinhas e água para os dias quentes (aqui na Itália o calor é bem forte e no sul costuma ser mais ainda, mesmo em setembro e outubro). Use roupas e sapatos cômodos porque você vai andar muito pelas ruas pedregosas. 


Informações do blog do Márcio, Tô indo para a Itália, e do site Soprintendenza archeologica di Pompei



E aqui chegamos ao final da vista por Pompeia. Espero que ajude um pouco em sua viagem àquelas terras encantadoras. Sugiro também uma visita à parte nova de Pompeia e à Herculano, Oplontis, Stabia e Boscoreale (da próxima vez quero ir pelo menos a Herculano).


Vou fazer um post (na verdade mais de um) com curiosidades sobre a vida de Pompeia e um filminho sobre o último dia da cidade. Aguardem!






Algumas fotos e imagens usadas foram retiradas da internet através da busca feita pelo google imagens. O principal material para a publicação do presente texto é o livro Pompei - Guida alla città archeologica. Come si viveva nella città sepolta dal Vesuvio 2000 anni fa, da editora Marius. 

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